domingo, 25 de março de 2012

Uma Insólita Fritada de Umbigo



Antes dos - Êêêê moleza, ou dos - Meu Bom Jesus o que vem a ser o fim disto? Peço calma ao visitante... o umbigo é da banana!

O INSÓLITO UMBIGO DA BANANA

Todos conhecemos a banana, uma das frutas mais conhecidas e consumidas no mundo, mas o que poucos sabem é que o umbigo do cacho da banana é comestível. Além de ser um ingrediente saborosíssimo e versátil é muito utilizado para a confecção de xaropes caseiros para asma, tosse e bronquite, só não sei dizer se são eficazes.

O Umbigo da Banana
Crédito da Foto: Cozinha Consciente
 
O Umbigo da Banana é uma das partes do cacho e está localizado em sua parte inferior. É como um pendão, um extremo proeminente que se destaca das pencas e exibe uma coloração arroxeada e uma consistência diferenciada. Quando cozido, temperado e preparado com outros ingredientes tem um sabor espantosamente requintado e, assim como a banana, um alto valor nutritivo.

Quiches, Salada e Pernil com Umbigo de Banana
Uma infinidade de pratos podem ser preparados com o umbigo da banana. Para seu uso culinário é interessante cortá-lo na posição certa, não muito próximo das pencas, cortando apenas o bastante para se retirar o cone arroxeado do cacho de bananas ainda verdes. Esse jeito de cortar favorece seu e, por forçar o fluxo da seiva, favorece também o amadurecimento do próprio cacho.

Do cacho já maduro, não se consegue aproveitar o umbigo da banana, que perde seu viço e fica escurecido, impossibilitando seu uso culinário ou medicinal. Mesmo assim, ainda pode-se aproveitá-lo como adubo.

RECEITA

INGREDIENTES

1 umbigo de banana
6 ovos
Pimenta do reino branca e sal a gosto
Óleo ou manteiga para fritar

Você Vai Precisar
Uma panela para aferventar as tiras de umbigo de banana
Uma vasilha para bater os ovos e misturar
Uma frigideira ou omeleteira
Um escorredor

PREPARO

Preparando o Umbigo de Banana

Apanhe um umbigo de banana. Desfolhe-o retirando as primeiras camadas mais grossas até chegar à parte mais macia. Lave bem e corte-o em tiras finas.

Crédito da Foto: Cozinha da Crala

Coloque as tiras no fogo para ferver em água com um pouco de sal. Quando lavantar a fervura, retire do fogo, escorra e repita este procedimento por mais 2 vezes. Escorra e reserve.

Dica: A partir deste ponto o umbigo de banana está pronto e pode ser refogado e utilizado em recheios de pasteis, bolinhos, croquetes, tortas, quiches, empadas e lasanhas, em um belo risoto, misturado a bacalhau desfiado ou a carne moída, acompanhando lingüiça, costelinha de porco, pernil e por aí vai. Inventa aí que vai ficar bom!

Preparando a Fritada

Bata meia dúzia de ovos inteiros. Misture o umbigo reservado, acrescente uma pitada de pimeta do reino branca e corrija o sal.


Frite a mistura como um omelete. Com um garfo vá desgrudando as bordas, e
mexa a frigideira constantemente sobre a chama, para evitar que a fritada grude. Quando a base da fritada estiver dourada vire-o.

Dica: Você pode preparar a mistura aos bocados, como bolinhos, em uma frigideira funda com óleo bem quente.

Deixe escorrer em papel absorvente e sirva com arroz e uma saladinha caprichada.

Experimente e Delicie-se!

quinta-feira, 15 de março de 2012

A Saborosíssima Caldeirada de Caranha - Receita Passo a Passo


UMA HOMENAGEM AO DIA DO CAIÇARA!
A caldeirada é prima-irmã das moquecas e de inúmeros outros cozidos encontrados pelo mundo todo. Geralmente as caldeiradas são feitas com peixes e frutos do mar, mas também podemos encontrar caldeiradas de carneiro (na África), entre outras carnes comerciais e até de carnes de caça. Alguns dizem que a caldeirada teve origem no Japão onde se prepara um cozidão de frutos do mar ou carnes em uma panela grande de barro, outros afirmam que o prato vem de países banhados pelo Mediterrâneo.

Crédito da Foto: Sérgio Vale/Secom - Apiwtxa
Vejo a caldeirada, como a conhecemos por aqui, como uma mistura entre a culinária dos índios Tupi-Guarani e a dos colonizadores. Os índios que habitavam o litoral cozinhavam peixes e frutos do mar em suas panelas de barro, temperados com uma mistura de ervas, pimenta e sal de cinzas, para daí fazer o pirão com farinha de mandioca. Já os colonizadores cozinhavam peixes e frutos do mar com azeite, temperos verdes, cebolas, alho e batatas. O Caiçara viu e experimentou isso tudo e foi desenvolvendo sua versão da caldeirada ao longo do tempo.

Seja qual for sua origem, a caldeirada é um prato bom demais, fácil de fazer e com uma imensa flexibilidade com relação aos ingredientes. Deve ser por isso que ela é tão difundida.

Deliciosa, simples, prática e rústica, a caldeirada geralmente é um prato grande e bem servido, sendo assim, capaz de reunir amigos e familiares para devorá-la com um bom bate papo, alegria e amizade. É aí que mora sua mística e carisma, não dá para preparar e comer uma boa caldeirada sem aquele clima de casa cheia e alegria. Quando estiver triste e sozinho vá ao McDonalds e peça um McFish! Brincadeira... Hehehehehe

Crédito da Foto: Alana Paganucci - Ilha das Compras
A caldeirada é marcada pelo frescor de ingredientes locais. Sendo assim, você pode fazer uma infinidade de caldeiradas que variam conforme os ingredientes que você pode encontrar aí na sua região, nas várias épocas do ano. Crie e divirta-se! Basicamente pegue um panelão, um peixe bacana, alguns frutos do mar e temperos, tudo bem fresquinho e mãos a obra!

Como dizem aqueles vendedores de rua, a caldeirada quase não requer prática, nem tão pouco habilidade. Precisa sim é de certa noção de combinação e harmonia entre os ingredientes e um pouquinho de intimidade com o fogão. Não tem como errar!

Para fazer essa receita eu estava com a casa cheia de amigos e parentes, tinha a mão uma caranha maravilhosa, alguns camarões fresquinhos, uma garrafinha de cataia, cerveja bem gelada e pronto!... Precisava mais?


SOBRE A CARANHA

Crédito da FotoCoral Reef Fish
A Caranha (Lutjanus cyanopterus) tem a carne firme e saborosa, um corpo forte e alongado, com a cabeça e a boca grandes. Muito voraz, uma de suas principais características é a presença de dentes caninos que ajudam na captura dos peixes, camarões, caranguejos e ouriços com os quais se alimenta.

A Caranha pode ser encontrada em quase todo o Oceano Atlântico Oeste, do Canadá ao Paraná, onde vive a maior parte do tempo em profundidades até 60 metros. Durante o dia costuma ficar entocado, saindo à noite para se alimentar. Os adultos preferem habitar os costões rochosos, as ilhas oceânicas e as áreas de recife de coral. Os indivíduos jovens podem ser encontrados em manguezais e estuários onde formam grandes cardumes. Ás vezes se misturam a cardumes de outros peixes.

É um peixão que pode alcançar cerca de 1,5 m e pesar até 75 kg. O recorde brasileiro para sua pesca esportiva é de 55,11 kg e para a pesca submarina da espécies é de 71,5 Kg, registrado em 1978 na ilha de Toque Toque, no litoral norte de São Paulo.

Crédito da Foto: Museu de História Natural da Flórida
A espécie (Lutjanus griseus) também é conhecida como caranha, porém é bem menor, alcançando 65cm e 8kg.


RECEITA


INGREDIENTES

3 kg de Caranha em postas
1 ½ kg de camarões médios limpos
6 cebolas roxas fatiadas
4 dentes de alho amassados
8 tomates maduros cortados em cubos
Mix de pimentões em tiras – 1 verde, 1 amarelo e 1 vermelho
Um punhado generoso de folhas de alfavaca picadas
Um bom punhado de coentro de folha larga picado
2 limões cravo ou galego
Sal e pimenta a gosto

Você Vai Precisar
Uma panela grande. Será muito legal se for de barro. Eu usei uma paelleira.
Tábua, faca bem amolada e um monte de vasilhinhas para os ingredientes.

PREPARO

Não se afobe! Prepare com antecedência todos os ingredientes e deixe-os organizados e a mão, separados em vasilhas individuais. Tem até nome bonito para isso... "mise en place" (lê-se misamplace), termo francês para a preparação e disposição prévia de todos os ingredientes e instrumentos que utilizamos para cozinhar ou para comer.

Crédito das Fotos: Cozinha da Matilde 
Com tudo picado, fatiado, limpo e organizado vamos lá! Tempere as postas de caranha com o limão cravo e sal. Coloque a panela para esquentar, abra uma cervejinha e observe como ficaram os preparativos. Que maravilha! Hehehehe


Na panela quente coloque um tanto de azeite e acrescente as cebolas fatiadas, o alho amassado, o mix de pimentões em tiras, a alfavaca e o coentro de folha picadinhos, e os tomates em cubos. Deixe pegar um calor e comece a refogar misturando os ingredientes.

Quando os sabores deste “fundo” estiverem bem mesclados (sempre prove o que você está fazendo) com a cebola transparente, o tomate começando a desmanchar e os pimentões amolecidos. Abra outra cervejinha e sirva-se de uma cataia por que o negócio vai começar a ficar legal.



Acrescente as postas de caranha acomodando-as lado a lado. Não gosto de “empilhar” as postas por isso usei uma paelleira que é larga e baixa. Deixe o fogo trabalhar e só misture os temperos com o peixe depois que o lado em contato com o molho começar a cozinhar.



Vire as postas da caranha, misture com cuidado e deixe o fogo trabalhar.



Quando o peixe estiver com os dois lados da posta esbranquiçados pelo cozimento e já absorvendo o molho, adicione os camarões e corrija o sal. Abra outra cerveja e observe os camarões começarem a avermelhar.


Misture os camarões com o molho evitando mexer muito nas postas da caranha. Prove e corrija o sal se necessário. Sirva-se de outra cataia e, sem tirar o olho da caldeirada, comece a fazer o arroz e a salada.



Verifique se o peixe e o camarão estão cozido e macios... Tudo legal? Está pronta!

Sirva com arroz branco, salada verde com palmito, aquela pimentinha e um pirão feito com o molho da caldeirada e uma boa farinha artesanal.

Delicie-se!

quinta-feira, 8 de março de 2012

O Inusitado Siri Mole

Crédito da Foto: See Read Cook
O caiçara tradicional sempre utilizou em sua alimentação todos os recursos que estão a sua disposição na natureza ao seu redor. Fruto da capacidade de adaptação humana, da necessidade de sobrevivência e a observação apurada da natureza.

Em um relacionamento constante e cumulativo com a natureza os caiçaras desenvolveram um acervo de técnicas, hábitos e costumes que permitiu, ao longo dos séculos, entender os segredos, ritmos e detalhes do espaço exuberante entre mata atlântica e o mar onde habitam.

Um dos bons exemplos desta capacidade do caiçara em se adaptar, observar a natureza e usar seus recursos é o fato dele ter acrescentado a sua dieta o inusitado siri mole.

O "Tar" do Siri Mole

Como todo crustáceo, o siri é coberto por uma carapaça rígida (o exoesqueleto) que precisa ser trocada de tempos em tempos para que ele possa crescer. Este processo é conhecido como muda (ecdise) que dura entre 10 e 20 dias e ocorre geralmente entre o outono e a primavera.

A muda começa com o siri aumentando bastante sua alimentação para acumular reservas para passar por este processo. Depois o siri começa a absorver água e inchar aumentando o volume do seu corpo até romper sua carapaça. Ao sair de sua antiga carapaça ele a come reaproveitando seus nutrientes para a formação da nova carapaça.

Enquanto a nova carapaça não endurece o siri fica com o corpo coberto apenas com uma película que é à base de sua nova carapaça, um tipo de pele, frágil e macia. Daí o nome siri mole.

Recebi um e-mail do André Theiss, diretor da empresa Blueshell Brasil que desde 2010 produz o Siri Mole em cativeiro em Santa Catarina, que colaborando com o Cozinha Tradicional Caiçara, me informou que o endurecimento da nova carapaça do siri tem início imediatamente após a troca da casca e que o melhor siri mole é aquele colhido em 2 ou 3 horas após o início deste processo.

Pergunte sobre o siri mole naquela peixaria de sua confiança, onde talvez você precise encomendá-los. Outra forma de encontrar o Siri Mole é buscando criadores do siri em cativeiro:

  • Entre em contato com a Blueshell Brasil de Santa Catarina e fale com o amigo André Theiss através do e-mail: blueshell@terra.com.br  ou pelo telefone (47) 3035-1077. Visite também a Blueshell no Facebook.
  • Na Ilha Comprida/SP existe uma Unidade Experimental de Processamento de Siri Mole no Balneário Viaréggio. Não sei se já está produzindo em escala comercial, mas vale a pena conferir.

Seguem duas receitas de Siri Mole... Delicie-se!


RECEITAS


1. SIRI MOLE À DORÊ

Facilzinha | 30 minutos | 6 porções

INGREDIENTES

1 dúzia de siris moles
1 dente de alho amassado
1 limão galego
Tempero verde a gosto: cebolinha, salsinha, coentro de folha larga e alfavaca
Sal a gosto
Farinha de trigo e fubá para empanar
Óleo para fritar

Você Vai Precisar
Uma vasilha para temperar
Uma vasilha para empanar
Uma frigideira funda
Um pegador ou escumadeira
Um escorredor coberto com papel absorvente

PREPARO

Lave os siris e tempere-os com limão, alho, sal e a maior parte dos temperos verdes, guardando um pouco para polvilhar nos siris depois de prontos. Deixe-os descansar por uns 10 minutos nesse tempero.

Faça uma mistura ½ a ½ de farinha de trigo e fubá. Passe os siris um a um nessa mistura farinha de trigo e reserve.

Dica 1: Antes de empanar os siris passe-os por aquele caldinho do fundo da vasilha em que você os deixou no tempero para que eles fiquem bem úmidos e segurem bem a mistura de farinhas.

Dica 2: Você pode passar os siris em um ovo batido e depois na mistura de farinha de trigo e fubá para conseguir uma casquinha mais crocante e resistente.

Em uma frigideira com bastante óleo quente frite até dourar os dois lados. Preste atenção para não deixar queimar e coloque-os em um escorredor com papel absorvente.

Servir quente com arroz branco e uma salada verde bacana.



2. MOQUECA DE SIRI MOLE

Fácil Demais | 30 minutos | 8 Porções

INGREDIENTES

12 siris, moles e graúdos
2 cebolas, grandes picadinhas
4 tomates, grandes, maduros e firmes picadinhos
1 molho grande de alfavaca picadinha
Suco de 2 limões galegos grandes
Azeite de oliva o quanto baste
Sal e aquela sua pimentinha a gosto

Invente Aí – Você pode acrescentar um tanto de camarões para incrementar a moqueca lembrando que o ator principal é o siri mole.

Você Vai Precisar
Uma escovinha para limpar
Uma panela para aferventar
Uma vasilha para temperar
Uma panela de barro (aquelas do Jairê)



Sobre as Panelas de Barro do Jairê

Localizado a aproximadamente 27 km do centro da cidade de Iguape/SP, o Bairro do Jairê concentra a técnica da confecção de panelas pretas, originárias da cultura indígena.

As panelas, bem como gamelas e potes, são feitas a base de argila pelas mãos habilidosas de artesãs como as da mestra Benedita Dias. Durante a queima são tingidas com casca de Nhacatirão ou Jacatirão, uma árvore nativa de Mata Atlântica e ganham a cor preta característica.

PREPARO

Ferva os siris até que fiquem bem vermelhos. Tempere-os com sal e metade do suco de limão, e reserve.

Unte uma panela, de preferência de barro, com um pouco de azeite de oliva. No fundo da panela arrume as cebolas, os tomates e a alfavaca picadinha.

Coloque os siris na panela. Regue com a outra metade do suco de limão temperado com uma colher de chá cheia de sal e dê uma fervura em fogo forte.

Abaixe o fogo e cozinhe por 30 minutos. Dê uma perfumada com aquela sua pimentinha e sirva com arroz branco e uma boa farinha artesanal.

Divirta-se!
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