sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Palmito com Arroz

Crédito da Foto: As Gastronômicas
Somos privilegiados! Várias palmeiras no Brasil produzem palmitos comestíveis como o Açaí, Pupunha, Juçara entre outras. A espécie mais apreciada por sua maciez, sabor e aparência é o Euterpe edulis, conhecido palmito juçara ou jiçara, que produz o delicioso palmito branco.


SOBRE A JUÇARA

A Juçara (Euterpe edulis) pertencente à família das palmeiras e ao gênero Euterpe, do qual fazem parte 28 espécies encontradas entre as Antilhas e a América do Sul. Aqui no Brasil pode ser encontrada na Mata Atlântica do sul da Bahia até o norte do Rio Grande do Sul.

É uma espécie que gosta de sombra, principalmente em sua fase jovem, e necessita da proteção de uma cobertura florestal para o seu desenvolvimento. Se desenvolve muito bem em solos úmidos com uma boa camada de material orgânico em decomposição. Depois de crescida, precisa de sol. Um ambiente típico de mata nativa.

Os palmitos são extraídos de palmeiras com idade entre 7 e 9 anos, retirando-se o miolo da palmeira, o estipe (parte verde entre o troco e as folhas). O estipe da juçara permite até 6 cortes diferentes, alguns mais macios, outros mais fibrosos. O primeiro e o segundo cortes são considerados os mais macios.

O palmito possui 5% de carboidratos e 2% de proteínas, além de ser uma fonte razoável de minerais com cálcio, fósforo e ferro. Ele ainda fornece pequenas quantidades de vitaminas C e do complexo B. 100 gramas de palmito fresco tem 26 calorias e cerca de 90% de sua composição é água. 

O corte do estipe para a extração do palmito significa a morte da planta, fato que já causou seu desaparecimento em algumas áreas e sua quase extinção em outras.

A Importância Ecológica da Juçara 

A Juçara garante a fantástica biodiversidade da Mata Atlântica, uma vez que suas sementes e frutos servem de alimento para diversos animais, como tucanos, sabiás, macucos, periquitos, maritacas, jacus, jacutingas, porcos do mato, antas, ratos-de-espinho, esquilos, tatus e capivaras.

A falta da Juçara nas matas nativas afeta diretamente estes animais e todos os delicados relacionamentos ecológicos envolvidos, a medida que sua frutificação entre o outono e o inverno, quando a maioria das outras árvores está sob estresse hídrico devido ao período de seca e não produzem sementes ou frutos. A Juçara nativa é um alimento essencial nesta época de escassez, garantindo a continuidade das espécies.

Da Exploração Desenfreada à Proibição da Extração

A partir da década de 70 a Juçara foi intensamente explorada, tornando-se a principal fonte de renda das inúmeras comunidades da Mata Atlântica. Sem orientação e nenhum plano de manejo adequado, o corte do palmito nativo entrou em colapso e levou a Juçara a entrar em risco de extinção. Hoje a extração de palmito nativo é proibida por lei e seu corte só é permitido em áreas de manejo sustentável.

Entretanto, o excesso de exigências impostas pelos órgãos governamentais para a implantação de reservas de exploração sustentável, tornou a atividade legalizada, impraticável e hoje existem apenas duas reservas de manejo sustentável de Palmito Juçara no Brasil.

As leis ambientais, de certa forma justificadamente, radicalizam as proibições devido a grande destruição causada anteriormente. Por outro lado, ninguém foi capaz de diagnosticar, regularizar e orientar a exploração deste e de um monte de outros recursos naturais antes deles terem sido quase extintos. É como querer colocar uma tranca depois da porta ter sido arrombada, resultado da falta de um monte de coisas como percepção, investimentos, planejamento, eficiência e por aí vai...

Penso que estas leis ambientais radicais são contraditoriamente antiecológicas, à medida que limitadamente focam somente o bioma ou a espécie afetada e não consideram as comunidades tradicionais envolvidas. Estas comunidades também fazem parte do sistema ecológico mais amplo onde estão inseridas e o impacto gerado pelas limitações impostas legalmente as afetam diretamente, alterando seu equilíbrio.

Ao deixar as comunidades tradicionais limitadas e com alternativas econômicas reduzidas, infelizmente uma combinação de descaso, ganância, necessidade, falta de escrúpulos e de visão ecológica, conduzem ao caminho da ilegalidade. Muito palmito ainda continua sendo extraído de áreas protegidas, unidades de conservação e até roubado de propriedades particulares.

Hoje existe a opção do Palmito Pupunha, espécie amazônica cujo cultivo é mais viável econômica e ecologicamente. Polêmicas a parte e sabendo disso tudo, preste atenção! Ao comprar seu delicioso palmito, certifique-se que ele é produzido de forma legal, originado de plantações de manejo sustentável e não colhidos diretamente de matas nativas. Beleza?!


RECEITA

Fácil | 20 a 25 minutos | 4 a 6 porções

INGREDIENTES

Palmito Fresco
Crédito da Foto: Agrosoft

1 palmito fresco limpo, cortado em rodelas
2 colheres de sopa de óleo
2 dentes de alho picados
1 cebola pequena picada
6 a 7 xícaras de água fervente
3 xícaras de chá de arroz lavado e escorrido
4 colheres de sopa de cheiro verde picado
Sal a gosto

Nota: Se você quiser pode substituir o palmito fresco por um vidro de palmito (500g) lavado e escorrido.

Dica: Se você quiser incrementar o negócio pode acrescentar umas 300g de camarão descascado, ou umas 500g de mariscos frescos com casca, ou 300g de mariscos frescos sem casca, ou umas 300g de ostras limpas e, é lógico, sem casca, ou umas 500g de pegoavas, bem lavadas com casca... Inventa aí! Vai ficar bom com certeza!

Você Vai Precisar

Uma panela com tampa
Uma travessa para servir

PREPARO

Coloque o óleo em uma panela e aqueça em fogo alto. Junte a cebola e o alho e refogue mexendo por alguns minutos. Acrescente o palmito e refogue mexendo sempre por uns 5 minutos.

Acrescente uma xícara de água, reduza o fogo, tampe a panela e cozinhe, mexendo de vez em quando, por 10 minutos.

Adicione o arroz, a água restante e coloque sal a gosto, misture, tampe parcialmente a panela e cozinhe até o arroz ficar macio. Tire do fogo e deixe descansar por uns 5 minutos.

Crédito da FotoGordelícias
Passe para uma travessa salpique com cheiro verde e sirva. Delicioso sozinho, esse arroz também acompanha maravilhosamente bem peixes assados e fritos, carnes, frutos do mar, etc. Crie!


Crédito da FotoPetiscos
Deleite-se!

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